Companhia Vai Pesar Passageiros Antes Dos Vôos


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Nos primórdios da aviação as aeronaves voavam muito mais no limite. Era preciso manter controle sobre cada kg a bordo, por isso além das bagagens outro dado era cuidadosamente monitorado: o peso dos passageiros. Não que você fosse cobrado por kg, para alívio do Kevin Smith.
Não que não seja importante manter controle do peso e do centro de gravidade de uma aeronave. Isso hoje é feito com o combustível, nos chamados tanques de trimagem, e com superfícies de controle no estabilizador horizontal.
Em submarinos também é preciso trimar a embarcação, enchendo e esvaziando tanques de lastro até que ela fique com inclinação zero. Um trote comum em oficiais novatos é o Capitão mandar o sujeito trimar o barco pela primeira vez sem saber que um bando de desocupados estará correndo em grupo, entre a popa e a proa, modificando o centro de gravidade e deixando o jovem oficial suando frio.
Agora a idéia de pesar os passageiros foi ressuscitada. A Uzbekistan Airways avisou que vai começar a pesar os passageiros. Dizem que estão obedecendo normas de segurança da IATA (não confundir com Yatta!) International Air Transport Association — uma espécie de ANAC internacional, mas que funciona.
A IATA por sua vez respondeu que não tem regulamento nenhum exigindo isso.
Em verdade é provável que a explicação seja bem mais simples. Cada grama de combustível não-usado é peso morto, mas as normas exigem que a aeronave tenha uma reserva considerável. Só que essa reserva é calculada tendo em base o peso total do avião.
Se você tiver uma idéia exata do peso dos passageiros e da bagagem não precisa aplicar fórmulas estatísticas, então se um 737 com 149 clones da Sandy decolar só precisa de combustível de reserva para o equivalente a 5.960 kg de passageiros. Se as fórmulas usassem o peso médio de um americano o combustível extra deveria ser suficiente para transportar com segurança 11.920 kg de passageiros.
Em resumo: é uma economia porca, que só funciona em exemplos absurdos como o que usei, causará constrangimento entre os passageiros e acrescentará ZERO em termos de segurança.
Agora fica a dúvida: isso é coisa que só acontece no Uzbequistão mesmo ou já tem executivo de um monte de empresas pensando “hummmm…”?

Texto: Carlos Cardoso, MeioBit
Ilustração: Norte Verdadeiro


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